segunda-feira, 30 de março de 2009

o sétimo

Passo o dia fingindo não perceber. Me concentro nas atividades matinais, nas caminhadas pelo bairro e até consigo valorizar a possibilidade de poder sentar num banco de praça e observar crianças, cachorros e velhos.
Mas a verdade é que, por mais que eu tente, há sempre algo que me faz lembrar: hoje é domingo.
Quando percebo, já fui tomada por uma melancolia estranha e familiar. Realizo as atividades sociais com certa dificuldade, meu rosto transmite um pesar descansado. É o recolhimento habitual e é necessário respeitá-lo.
Há um misto de nostalgia, ansiedade e dor. Percebo aos domingos que o tempo anda passando, que as escolhas precisam ser feitas e que o mundo caminha, não se preocupando se eu já estou pronta (não estou, como de costume).
Hoje é dia de admitir que vai ser assim mesmo. O cabelo meio despenteado, a palidez de uma tarde em casa e os apertos costumeiros de uma vida que segue sem que eu me dê conta.
Chico Buarque lançou livro novo, minha listinha aumenta e aquele filme saiu de cartaz.
O que eu vejo fica comigo e hoje eu preciso mais de mim do que antes.
só, aos domingos...

(também é dia de insônia).

2 comentários:

  1. escrito nos ultimos instantes de domingo.
    postado na segunda e já me sinto melhor

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  2. que medo de tudo que me remeta a ser sozinha e melancolica - que é o que eu sou agora.

    antes era bonito, agora incomoda.
    queria que voltasse a ser bonito de novo, vai voltar...

    beijo bel

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