quarta-feira, 28 de setembro de 2011

uma câmara de vácuo seria bemvinda
pois o mundo não silênciou ao meu estrondo

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Minha auto-biografia começaria assim:
Deitei na rua em frente de casa aos 7, talvez 8 anos de idade, para me tirar a vida, em choro compulsivo.
A temperatura do asfalto era de fritar ovos, tudo num silêncio de interior infinito, sob o céu a se mostrar inerte à minha angústia estrondosa, azul, na claridade de cegar até olho moço.
A história é curta
(isto é uma auto-biografia não ficcional e eu não tenho a pretensão de me tornar autor-defunto, defunto-autor).

Me levantei após infindáveis 5 minutos.
Foi como um renascimento: D o í d o.
Plano naufragado, sem platéia. Asfalto, céu e pássaros foram improváveis companhias para a prosaica angústia infantil da menina do interior.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ninho

Quantos eus tem em Deus?

sexta-feira, 11 de março de 2011

não ser a questão

É neste momento que decido silenciar um pouco a vida, meditar sobre este, aquele e o longínquo não sei quem nem quando. É no momento em que lembro de espaços esquecidos, empoeirados, salva-vidas de outros tempos.
"eu queria ser mais mística" foi o pensamento que me ocorreu ao ler a mensagem da tela: "o que você faria se não pudesse mais acessar aos dados desta conta? deixe aqui seu e-mail, telefone (...)".
Justo quando o telemóvel pifou e as mensagens antigas se foram junto com os contatos interrompidos.
Eu queria ser mais mística e saber ler sinais.
Me sinto descabida de repente neste lugar, antes acolhimento máximo. Não há o ímpeto, nem o fervor, nem o sangue azedo correndo, nem um coraçãozinho descontrolado.
Eu queria ser menos mística, mais incandecente, menos virgem, mais escorpião.
Não sabia o que queria mas me encontrei vestida, tingida e de cabelos novos.
Eles crescem como alerta do tempo, esse relógio fisiológico, máquina de enfeitar e criar mentiras.
Eu queria ter sido outra e, às vezes, poder não ser.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

-Mãe, engoli o mar.

Pelos olhos, também entrou por aí, por aqui, onde respiram narinas, sal nos ouvidos, sons, a boca secou, zunindo o sol que bambeia pernas magrelas e escuras, xique-xique de areia, nem flanela, nem água doce, o mar entrou voluptuosamente, afoito e violento engolindo menino engolindo mar.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

quero juntar dois mundos