quarta-feira, 27 de maio de 2009

paralisia

Calma, gente!
Eu tô pensando.

Parem de buzinar atrás do carro! Eu tô pensando!
Parem os semáfaros: quero atravessar com calma; eu tô pensando!
Parem os relógios!
parem de se conhecer! parem de viajar, parem de descobrir!
parem de se beijar!
parem de dançar!

Pare o mundo!

que eu quero pensar
(e não quero perder mais nada)

segunda-feira, 25 de maio de 2009

meu tipo

Eu sou do tipo que adora abrir a porta de casa e ver as correspondências esperando. De pensar que alguém gentilmente separou-as para mim e as colocou alí, debaixo da porta. Não importa muito que sejam sempre contas e faturas, elas vêm mesmo mensalmente. Acho delícioso pular os envelopes, tirar as laterais picotadas, comparar o consumo deste mês com o do mês passado.
Sou do tipo que adora preencher os dados da primeira página da agenda (a minha e a dos outros que ficam em branco)
Que adora dar nome às coisas: aos cd´s gravados, aos porta cd´s, sem esquecer das decorações no barrado.
Do tipo que confere e-mails todos os minutos possíveis e fica feliz ao ver que chegou uma mensagem nova, mesmo que na mairia das vezes seja SPAM.

eu sou desse tipo aí.
dessas que acreditam que as pequenas doses de alegrias fulgazes deixam o valor real das coisas menos importante.
dessas que acham lindo o lado subjetivo do mundo,
eu sou desse tipo

terça-feira, 19 de maio de 2009

da ausência

o silêncio é necessário

terça-feira, 5 de maio de 2009

confissão número 2

minha avó secou:
foi gotejando, gotejando, gotejando, até que
só restaram alguns pingos de essência
e aqueles olhos azuis

eu, ao vê-la, sinto pingar nos meus castanhos
de ver aquela aridez toda, a pele rachando, fininha, dos cabelos sem forma e sem charme.
Restam apenas alguns singelos e tímidos pingos de essência
aparecem na efemeridade dos segundos, num piscar de olhos, num sorriso contido, num carinho delicado, nas palavras que saem de sua boca sem querer, na antiga espontaniedade que lhe era peculiar

minha avó secou.
fez secar em mim as lágrimas da infância,
o esguicho do jardim, as flores da primavera
que ela catava e secava
e modificava as formas e inventava outras tantas que não existem.

das flores secas,
da sua flor tão seca
do coração vazio

o silêncio tomou lugar

a maresia da Paulicéia

São Paulo tem maresia
dessas que eu desconhecia,
e até parece piegas