segunda-feira, 27 de julho de 2009

cinza

a chuva derrete
minh'alma
e não para de
c
h
over

segunda-feira, 20 de julho de 2009

libriana:
balança
dois pratos
duas moedas
duas medidas
dois pesos
um leve
outro pesado

copo meio cheio, meio vazio,
nem cá, nem lá.
prá onde?

segunda-feira, 13 de julho de 2009

dos pés à cabeça

Dos pés à cabeça (Gilberto Gil, 1974)

"Eu estou onde está meu corpo
Meu corpo, onde estão os meus pés
Meus pés, onde está o chão
Ou então
Onde a cabeça
Com seu pensar em vão
Eu estou onde tudo esteja
Ou seja
Onde quer que esteja em mim
O céu, o chão, o não, o sim
A vontade de Deus
O meu corpo todo, eu acho
Vale quanto pesa e sente
Como pensa e é imenso
Como deve ser o vôo
Da terra pra lua
E a noite da lua
E a imensa viagem do dia do sol
E a continuação da imensidão
Pelo corredor da enfermaria
Daquele lugar aonde eu ia (...)"
tentativa de homenagem ao Gil que anda me acompanhando, mesmo sem saber, nos meus momentos de desestabilização.
(ele fez para a Bethânia)

sábado, 11 de julho de 2009

assopro

de que maneira agora vou dar forma a tudo que anda desajeitado?
tirei o chão de mim, flutuo sentindo os tendões arderem, passo o dia numa vertigem absurda, à noite não descanso e o coração bate com força massacrante.
e então, mais um furacão. desses que eu desejei calada, fingindo não desejar.

terça-feira, 7 de julho de 2009

desejo fútil

não sou mulher de verbo. apesar de todas as palavras escritas aqui, as que eu sei dizer bem, as que eu defino com certeza, apesar de tudo isso, não sinto verbalizar-me.
elas saem da boca, sem parar. não parecem chegam a ouvido nenhum. não penetram.
como se à ti, fosse vazado.
dentro dentro dentro.
de que maneira chegar ao outro para que sinta me. assim como sinto.
de que modo deixar de ser transparente, transponente. de que modo existir
quantos modos de existir e nunca parecer em casa.
busco busco busco. e sinto fútil a necessidade que me vejas. mas sinto e não minto.
nessas palavras, nessa dança toda, nesse viver e caminhar.

sábado, 4 de julho de 2009

de canto de olho

Depois de algum tempo olhando dentro esgotei. Não que não haja mais para onde ver, é só que o olhar anda viciado. As palavras, texto e o mover.
Depois de um cochilo longo no meio da tarde olhei para o céu e ele me disse: minha cor não se define.
De tantas certezas sobre as cores do alto, deixo de olhá-lo.