sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

gratidão

Quem me vê andando na rua pensa que eu sou otimista. Ainda insisto em exibir a pele mais escura, os passos como quem pisa em areia fina, o olhar perdido e contemplativo. Muito otimismo ao fingir o sol, ver cor no céu e desprezar perigos nos cruzamentos. Penso que meus cabelos cresceram muito, já quase sinto-os tocarem os ombros, vez ou outra exibo-os presos pois posso agora detê-los num prendedor qualquer.
À primeira pergunta iria logo advertir que ainda não aterrizei, que ainda espero ansiosamente por palavras carinhosas na caixa de e-mails, cartões-postais debaixo da porta, um presente atrasado. Agradeço pelas ervas de melissa para fazer chá calmante, pelo livro usado e rabiscado, pela despedida no caminho de casa, pela pizza - acabaríamos em pizza para não fugir da regra - mesmo que tudo isso tenha sido apenas anunciado e intensionado.
De real percebo, logo na entrada de casa, e então agradeço à vitalidade das plantinhas por não se entregaram mesmo com minha ausência. Espero também, com força e de mãos apertadas, não me entregar à introspecção exagerada, à arrogância de não mais poder compartilhar, à vontade de tirar coisas do currículo e apagar biografias.

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